A HISTÓRIA DE DEDICAÇÃO DO ANDERSON
Anderson é o mais velho dos três filhos de Divino e Raquel. Ele, filho de italianos, e ela, filha de nordestinos, que se conheceram na Zona Sul de São Paulo, local onde Anderson nasceu. Quando era ainda pequeno – Anderson contava com apenas 6 anos de idade – o pai foi com os irmãos tentar a vida nos Estados Unidos e a mãe acabou indo com os filhos morar em Franca, no interior do estado.
Foram dois anos de distância do pai, que tinha o objetivo poder levar também a família para a América. Mas quando Anderson sofreu um grave acidente de bicicleta, ficando internado por um tempo, o pai desistiu do sonho e voltou para o Brasil para ficar ao lado do filho, que felizmente se recuperou sem traumas.
Como Franca é um polo coureiro-calçadista, Divino foi trabalhar em uma empresa de exportação de couros. Para recuperar o tempo de convivência, quando o pai precisava trabalhar aos fins de semana, Anderson o acompanhava e, por consequência, desde criança já teve contato com o couro.
Além dos estudos Anderson sempre gostou de jogar futebol. E não só por brincadeira. Aos 14 anos, perseguindo o sonho de ser jogador profissional, foi morar em São Paulo na casa dos avós paternos para jogar nas categorias de base, primeiro da Portuguesa e depois do Nacional. Por quase dois anos, todos os dias avessava a cidade para ir treinar. Nesta época contou muito com o apoio do tio Luis, que por várias vezes o acompanhava em testes e jogos, e também do primo Willians, o qual tem como um irmão mais velho.
Por infelicidade, às vésperas do tão esperado teste para o ingressar no Palmeiras, teve uma lesão e foi dispensado, indo para Mirassol, onde a família então morava em função de Divino ter se transferido para um curtume da cidade. Anderson ainda jogou no América de São José do Rio Preto e no Mirassol, clube pelo qual chegou a integrar o grupo, com 17 anos, da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha. O que poderia ser o passaporte para a categoria profissional, pois se destacava em campo, acabou sendo uma grande desilusão por motivos de fora do campo, o que motivou Anderson a deixar o futebol. Como sempre foi muito estudioso decidiu voltar a se focar só nos estudos.
O ano de 1997, portanto quando tinha 18 anos, foi marcante na vida do Anderson: foi convocado para servir ao Exército e a mãe faleceu em um acidente de trânsito, aos 36 anos de idade. Como o trabalho do pai no curtume demandava muitas viagens, Anderson teve que assumir a posição de “homem da casa”, período em que tinha que estudar, prestar o serviço militar e cuidar do irmão e da irmã mais nova que havia sobrevivido ao acidente que vitimara a mãe. Como não tinham familiares na cidade, neste momento contaram muito com o suporte da comunidade da Igreja, principalmente de Andréia e Alexandra.
Quando saiu do quartel Anderson começou a acompanhar o pai que classificava couros em curtumes da região, que eram exportados para Portugal. Aprendeu com o pai os detalhes da classificação e em função do aumento da demanda também começou a trabalhar na empresa. Quando a demanda caiu, acabou sendo contratado por um curtume em São José do Rio Preto como classificador.
Como o curtume era pequeno e não tinha couro para classificar todos os dias, começou ajudar em outras funções, iniciando aí o seu contato com o processo produtivo do couro. Certo dia foi desafiado pelo dono do curtume a ir para o sul fazer o Curso Técnico de Curtimento e prontamente tomou a decisão de encarar este novo desafio. Com o auxílio do curtume e do pai, foi para a Escola junto com o irmão mais novo, Albert, que havia terminado o segundo grau. Alugaram uma casa em Estância Velha e iniciaram os estudos. Mas o compromisso assumido pelo curtume não foi cumprido e antes de terminar o primeiro semestre Anderson foi informado que as mensalidades estavam em aberto. A solução para não deixar a Escola foi vender o único bem que tinha: um carro. Com o dinheiro pagou todas as mensalidades do curso, até o fim!
Anderson aproveitava todos os períodos de folga para aprender mais. Aproveitava os contatos que desenvolvia e ia para os curtumes, aplicar o que aprendia na Escola. Também se dedicou à Fecurt, feira de ciências que é patrocinada pela MK, o que lhe abriu portas a partir do trabalho de pesquisa realizado sobre a qualidade do couro brasileiro.
Mas as dificuldades não eram poucas. Algumas vezes só tinha pão com manteiga para comer. Durante um ano e meio foram muitos os percalços e dificuldades, mas todas suplantadas com sucesso.
Aproveitando um período de férias Anderson fez um pré-estágio no Laboratório de Aplicação Técnica da MK, sua primeira atuação em uma indústria química. Ao terminar o curso foi lá que realizou o seu estágio curricular, junto com Albert, que também foi admitido para estágio. Mas ficou claro para os dois que após o estágio haveria vaga para apenas um deles. E foi Anderson o escolhido.
Como funcionário Anderson se dividia entre o Laboratório e o apoio externo à Área Técnica, passando a acompanhar os processos em clientes da empresa no Brasil todo. Depois de dois anos assumiu a função de Agente Técnico e passou atuar no projeto do desenvolvimento dos novos recurtentes da empresa. Hoje sua atuação se concentra na Área Técnica e Comercial.
Há dois anos Anderson está casado com Maria Pereira, companheira dos novos desafios, dentre eles os cuidados do filho Enzo, hoje com 7 anos. Ao filho, Anderson se dedica de forma intensa, para compensar o período que passa longe em função das suas atividades profissionais.
Nos diversos momentos de sua trajetória, Anderson nunca hesitou em assumir todos os desafios que lhe foram apresentados, buscando sempre dar o máximo da sua dedicação. E sente-se realizado e feliz, principalmente com a sua família e com orgulho de também participar da família MK.